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Claudeci Martins

Da Agência Imprensa Oficial

O ano letivo de 2008 começará diferente para 3,6 milhões de alunos da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo. Antes de iniciar o programa curricular, todos os estudantes matriculados da 5ª série do ensino fundamental até a 3ª série do ensino médio terão aulas de recuperação durante 42 dias letivos.

No início das aulas, dia 18 de fevereiro, receberão o Jornal do Aluno São Paulo Faz Escola, em que constam as atividades a serem desenvolvidas em todas as disciplinas. Já os professores receberão uma publicação em formato de revista, com orientações sobre como explorar a nova proposta.

Com 48 páginas, do tamanho do Diário Oficial e dividido em disciplinas, o Jornal do Aluno propõe atividades a serem trabalhadas pelo estudante que dão espaço à interatividade, disse a coordenadora do projeto de recuperação, professora Maria Inês Fini.

Ela não quis comentar o conteúdo, mas adiantou que a linguagem é semelhante à dos jornais brasileiros, o projeto gráfico ajuda na aprendizagem e tem atrativos para prender a atenção dos jovens. Elaborado de forma interdisciplinar, o jornal enfatiza, em todas as disciplinas, a competência de ler e de escrever e os conceitos da Matemática.

Já a revista, segundo ela, “é um guia seguro” para o professor desenvolver os exercícios propostos no jornal. Nesse guia (com tiragem de 160 mil exemplares), o mestre encontrará os princípios, leis e teorias relativas às atividades que os alunos farão e as explicações dos motivos pelos quais as tarefas foram propostas, conta Maria Inês. “Não basta saber fazer, o aluno precisa compreender por que faz. O professor tem o papel de mediar as atividades e os conceitos”.

Além da criação do material didático de acompanhamento para melhorar a aprendizagem, a Secretaria Estadual de Educação capacitou 20 mil mestres que atuarão na recuperação.

LER, ESCREVER E CALCULAR

A coordenadora explica que começar o ano letivo com reforço no aprendizado tem dois propósitos. O primeiro é preparar os alunos para a nova proposta curricular, que começa a ser utilizada em 2008. O outro é recuperar competências que o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2005 mostrou que a maioria não tem. O Saresp indicou que 70% dos alunos de 4ª série da rede estadual não dominam conceitos fundamentais de Matemática. Ou seja, têm dificuldade em operações de soma, subtração, multiplicação e divisão.

A avaliação mostrou que 48,4% dos alunos não sabem ler nem escrever apropriadamente. Por isso, o material que acompanha a recuperação é feito de forma interdisciplinar e com ênfase na leitura, na escrita e na compreensão dos conceitos da Matemática, afirma Maria Inês. “Ao desenvolver seus contextos específicos, todos os professores reforçarão as estruturas lingüísticas e o raciocínio lógico”, exemplifica.

Para facilitar a tarefa, as disciplinas foram divididas em dois grupos. Um direcionado ao aprendizado da língua (Línguas Portuguesa, Inglesa, História, Educação Física e Artes); o outro, dirigido aos conceitos da Matemática (Matemática, Ciências e Geografia).

Luciano Coutinho, professor de Matemática há 20 anos, diz que muitas vezes o aluno “não vai bem” na matéria porque não entende o enunciado do problema. “O aluno sabe o procedimento de resolução, consegue fazer o cálculo, mas tem dificuldade para leitura e interpretação. Quando explicamos o que está escrito, ele chega ao resultado. A linguagem escrita é uma barreira para muitos deles.”

O professor, que irá aplicar a recuperação e fez a capacitação, disse que a ação da Secretaria é necessária e espera que os alunos compreendam melhor os ensinamentos e obtenham melhores resultados nas próximas avaliações. “Só devia ter chegado antes”, opina.

Coutinho disse que a capacitação esclareceu bem os objetivos do projeto e foi feliz ao destacar que a “recuperação não é um castigo, mas sim uma oportunidade de os alunos aprenderem o conteúdo esperado”. Esta é a idéia que passará aos seus discípulos.

O professor disse que gostaria de que a capacitação continuasse durante o ano e que “a recuperação fosse estendida aos alunos da 4ª série do ensino fundamental, para haver mais resultados satisfatórios, já que muitos desses estudantes também não dominam a escrita, leitura e as operações fundamentais de cálculo”.

A capacitação foi feita por videoconferência com dois professores de todas as disciplinas do ensino fundamental e do ensino médio das escolas estaduais. Houve treinamento pela Rede do Saber, sistema de comunicação e informações multimídia que conecta, em tempo real, todas as 90 Diretorias de Ensino da Secretaria. O jornal foi elaborado por 40 professores e por profissionais do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).