O governo do estado de São Paulo tem orquestrado uma campanha de calúnias contra os professores estaduais com a cooperação de alguns órgãos de imprensa que, ao invés de exercer um jornalismo isento, optam em se aliar aos governantes de plantão.
Com esta ação, o governo tenta responsabilizar os professores pelos péssimos resultados obtidos pelos alunos nas recentes avaliações institucionais. Este quadro é de total responsabilidade de uma administração que há 14 anos adota políticas deliberadas para destruir a escola pública.
O estado mais rico da Federação não possui um Plano Estadual, tampouco assegura investimento adequado para a área que deveria ser prioridade.
Ao contrário, adota ações como a aprovação automática; o fechamento de salas e escolas; superlotação das salas de aula; infra-estrutura inadequada; a municipalização do ensino e a desvalorização dos professores. São Paulo paga um dos piores salários em todo o território nacional, obrigando a categoria a cumprir dupla e até tripla jornada. Além disso, não respeita a database.
Com péssimas condições de trabalho, São Paulo apresenta um déficit de professores habilitados em diversas disciplinas.
As escolas públicas estão abandonadas: mais de 70% não possuem bibliotecas e laboratórios de ciências. Tampouco apresentam instalações adaptadas às necessidades especiais.
Segundo pesquisas elaboradas pela APEOESP/Dieese, 75% dos professores lecionam em salas superlotadas. Vários sofreram algum tipo de agressão e 80% já presenciaram atos de violência. Mais de 40% dos professores são obrigados a exercer outra atividade para complementar o salário. Além disso, 45% da categoria sofre de estresse dignosticado e mais de 25% é acometida pela depressão. O governo não reconhece as doenças profissionais e o atendimento recebido pelos docentes no Departamento de Perícias Médicas é extremamente desrespeitoso. Há dificuldade na concessão de licenças a profissionais com diagnóstico médico de câncer. Um absurdo!
Há anos, a APEOESP denuncia este quadro e apresenta à Secretaria da Educação a pauta de reivindicações, visando melhorar o processo de ensino-aprendizagem, respeitando alunos e professores.
O governo ignora estes dados,aprofunda a desvalorização aos profissionais e criminaliza, com o auxílio de alguns órgãos de imprensa, os representantes da categoria.
Para acentuar ainda mais esta desvalorização,os professores correm o risco de perder a sua liberdade de cátedra, pois seus projetos pedagógicos e seu acúmulo de conhecimento podem ser substituídos por sistemas apostilados elaborados pelas grandes corporações de ensino privado, como já ocorre em vários municípios, acarretando a perda da autonomia das escolas.
Nós, professores estaduais, não vamos nos abater por esta sórdida campanha que visa responsabilizar-nos pela crise resultante de um projeto falido.
Convocamos a população e as demais entidades da sociedade civil, realmente comprometidascom os interesses populares, a lutarem conosco contra a política educacional do governo estadual. Vamos ampliar a luta em defesa de um ensino de qualidade aos filhos da classe trabalhadora com valorização aos profissionais, através de um Plano de Carreira que instigue o professor a permanecer na sala de aula; mais investimentos; instituição de um Plano Estadual de Educação; pelo fim da superlotação das salas de aulas, garantindo acompanhamento individualizado a cada aluno; dentre outros pontos que reivindicamos.
Educação pública de qualidade é um direito inalienável da população. Não podemos permitir que usurpem este direito!
MATÉRIA PAGA PELA APEOESP, PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO DE 21/12/2007 PAG. C7.