sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Segundo a APEOESP: Governo estadual é o responsável pela crise

Em matéria paga publicada hoje no jornal A Folha de São Paulo, a APEOSP responde às críticas sistemáticas da imprensa à categoria.

"Governo estadual é o responsável pela crise na escola pública”


O governo do estado de São Paulo tem orquestrado uma campanha de calúnias contra os professores estaduais com a cooperação de alguns órgãos de imprensa que, ao invés de exercer um jornalismo isento, optam em se aliar aos governantes de plantão.

Com esta ação, o governo tenta responsabilizar os professores pelos péssimos resultados obtidos pelos alunos nas recentes avaliações institucionais. Este quadro é de total responsabilidade de uma administração que há 14 anos adota políticas deliberadas para destruir a escola pública.

O estado mais rico da Federação não possui um Plano Estadual, tampouco assegura investimento adequado para a área que deveria ser prioridade.

Ao contrário, adota ações como a aprovação automática; o fechamento de salas e escolas; superlotação das salas de aula; infra-estrutura inadequada; a municipalização do ensino e a desvalorização dos professores. São Paulo paga um dos piores salários em todo o território nacional, obrigando a categoria a cumprir dupla e até tripla jornada. Além disso, não respeita a database.

Com péssimas condições de trabalho, São Paulo apresenta um déficit de professores habilitados em diversas disciplinas.

As escolas públicas estão abandonadas: mais de 70% não possuem bibliotecas e laboratórios de ciências. Tampouco apresentam instalações adaptadas às necessidades especiais.

Segundo pesquisas elaboradas pela APEOESP/Dieese, 75% dos professores lecionam em salas superlotadas. Vários sofreram algum tipo de agressão e 80% já presenciaram atos de violência. Mais de 40% dos professores são obrigados a exercer outra atividade para complementar o salário. Além disso, 45% da categoria sofre de estresse dignosticado e mais de 25% é acometida pela depressão. O governo não reconhece as doenças profissionais e o atendimento recebido pelos docentes no Departamento de Perícias Médicas é extremamente desrespeitoso. Há dificuldade na concessão de licenças a profissionais com diagnóstico médico de câncer. Um absurdo!

Há anos, a APEOESP denuncia este quadro e apresenta à Secretaria da Educação a pauta de reivindicações, visando melhorar o processo de ensino-aprendizagem, respeitando alunos e professores.

O governo ignora estes dados,aprofunda a desvalorização aos profissionais e criminaliza, com o auxílio de alguns órgãos de imprensa, os representantes da categoria.

Para acentuar ainda mais esta desvalorização,os professores correm o risco de perder a sua liberdade de cátedra, pois seus projetos pedagógicos e seu acúmulo de conhecimento podem ser substituídos por sistemas apostilados elaborados pelas grandes corporações de ensino privado, como já ocorre em vários municípios, acarretando a perda da autonomia das escolas.

Estas medidas fazem parte de um projeto que visa oferecer um ensino de péssima qualidade aos filhos da classe trabalhadora. As recentes alterações na matriz curricular com a exclusão e a redução da carga horária de importantes disciplinas confirmam o descomprometimento da administração com a formação universal dos alunos.

Nós, professores estaduais, não vamos nos abater por esta sórdida campanha que visa responsabilizar-nos pela crise resultante de um projeto falido.

Convocamos a população e as demais entidades da sociedade civil, realmente comprometidascom os interesses populares, a lutarem conosco contra a política educacional do governo estadual. Vamos ampliar a luta em defesa de um ensino de qualidade aos filhos da classe trabalhadora com valorização aos profissionais, através de um Plano de Carreira que instigue o professor a permanecer na sala de aula; mais investimentos; instituição de um Plano Estadual de Educação; pelo fim da superlotação das salas de aulas, garantindo acompanhamento individualizado a cada aluno; dentre outros pontos que reivindicamos.

Educação pública de qualidade é um direito inalienável da população. Não podemos permitir que usurpem este direito!

MATÉRIA PAGA PELA APEOESP, PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO DE 21/12/2007 PAG. C7.